Saturday 26 March 2011


O rímel sangra uma lágrima negra. Os olhos choram uma lágrima sangrada a rímel, marcada a ferro e fogo pela dor. Enquanto o peito explode o olhar deixa-se demonstrar toda a fraqueza tão bem incutida e disfarçada, tendo os telespectadores cansados do show e se refugiando-se em casa, onde domingos tediosos despertam-lhe maior interesse do que alguém que permitiu a máscara vir ao solo. O sol tenta fazer-lhe cerrar a tristeza, escondendo do mundo aquele tom indefinido, que beira um cinza, um castanho, um verde, que domina seus globos oculares afogados em lágrimas quentes. O mundo tenta fazer-lhe esconder-se, os olhos fechados, o coração sangrando, a alma aberta, a dor vazando, gotejando, pingando, obcena. O frio corta-lhe a pele como pequenas facas afiadas a cortarem a carne do pescoço do inimigo, vendo-o sangrar; o frio e a dor e a perda e o cansaço e a desesperança e o vazio a dilaceram enquanto ela destrói o mundo com milhares de céus enegrecidos. O tom alvo da pele contrasta como sangue e neve às suas manchas negras escorridas pela bochecha. O vazio a preenche enquanto ela desiste, e fecha os olhos, e seca as lágrimas, e vai embora.