Wednesday 19 March 2014

Minhas lágrimas são
Mais quentes que tuas mãos
Que sobem, ásperas, por minhas coxas
Que teus dedos
Que me invadem
E eu não apresento resistência
E não te penso
E em teu suor perco meus pensamentos
E cravo meus dentes
Tua barba rala me arranha o pescoço
Teus dentes leves me machucam os seios
E não te nego
Não te afasto
Porque não te tenho
E não me tens
E somos apenas dois corpos dividindo o mesmo colchão
E mãos e pés e bocas perdidas um sob os outros
No ar rarefeito
E não digo teu nome
E não dizes o meu
Reinamos em silêncio
Olhos nos olhos
Minhas unhas cravadas na tua pele
E esquecemos que um dia
Esqueceremos de lembrar
Das feições que tanto nos pedem
Afeto
E repetidamente
Negamos-lhe