Wednesday 14 November 2012

Desenterrou o caixão e pegou uma lasca evernizada, soterrada em orações. Olhou-se no espelho, sorriu os dentes lacrimejados, olhou pra baixo e viu o céu. De esguio, desviava-se da terra molhada abaixo dos pés. As cores refletiam translúcidas de insanidade no seu cabelo que batia ao vento.
Palmas a todos.
Aqui estão os campeões, com suas bandeiras em ombros e cicatrizes em cílios secos.
Pézinhos respingados nas noites de Natal cantavam baixinho marcas de terra molhada nas blusas brancas de paz na Terra, oh, tão amada. As brasas de cigarros escoavam nas paredes, trazendo a realidade a tona enquanto sorrires mãos calejadas, porém doces, ao redor de pescoços e choras cantos fatigados de pardais extintos em sonhos antigos.
Quão belo és teu olhar de canto, pequeno, olhando gigante um mundo descolorido? Reais são teus lábios e doces ilusões que lhes tingem as vitrines, as portas de tinta descascada e madeira apodrecida que batem-se uma nas outras, ecoando à corredores vazios. Vazios? Cheios. Lotados.
Catedrais que vem de longe balançam pontos manchados em amargos quadriculados de concreto pisados por dias validados e âmagos vencidos.
Derrotados, seu Capitão, com sua corneta nas unhas e bandeiras nas condecorações. E mortos, estilhaçados, com milhões de pedaços, pouco sorridentes, de dentes amarelados e dedos tingidos por tabaco enrolado antes da batalha.
Orem mais alto, crianças.
Os céus escondem os ouvidos a banhados em glória. Deix'o louvor ir a sete palmos, enquanto, de pé, mantemo-nos, espadas em punho.

Wednesday 7 November 2012

Com-ple-ta-men-te

Completamente.
Cansada, exausta poderia caber-lhe, desesperançosa, com olhos partidos e coração em prantos, triste, entristecida, repartida, chorosa, desamada, desalmada, perdida, não mais querendo ser encontrada, de olhar vazio mente cheia, iletrada, sonhadora, sinônimo de posse, antônimo de possuir, fria, reesfriada, tomada pela gula, isenta de sorrisos, decepcionada, ela estava. Ela era. Completamente.
Toda desencontrada, juntando pedacinhos de si pelos azulejos frios e coloridos, sorrindo tão obcenos e vívidos a seus olhos de botões laranjados. Cegando-se àquela pilha de jornais, senhora, embaixo da escada, tornando-se mortes desbotadas e notícias de vidas acinzentadas. Queria jogar-se em olhos baixos cantando baixinho uma melodia suave preenchida de bilhetes colocados em cantos, de tantas cartas cantaroladas agora usadas como marcadores de páginas em seus livros repetitivos, repetidos. Jogava consigo, na frente do espelho, a boca aberta, os olhos fechados, vi'alma cheia de cores e formada por sabores líquidos e transcendentes que tingiam-lhe o céu d'olhar. Quando com a sola arranhada dos pés no solo arranhado qu'o asfalto se era, seus dentes falavam a todos de sua felicidade doce serena e pacata, escondida em potes de biscoitos arredondados com olhar de caramelo a renegar as mentiras que sua boca lhes vendia aos barrancos sem permissão lha dada. Com aquele sorriso pequeno qu'expandia o quarteirão, vivia de canto, jabuticabas entre globos oculares, tão cansada de descaso a apresentar-se que nem fazia caso, por dentro, remoía, mas ao redor todos lha diziam feita de rosas.
Completa, mente.