Wednesday 7 November 2012

Com-ple-ta-men-te

Completamente.
Cansada, exausta poderia caber-lhe, desesperançosa, com olhos partidos e coração em prantos, triste, entristecida, repartida, chorosa, desamada, desalmada, perdida, não mais querendo ser encontrada, de olhar vazio mente cheia, iletrada, sonhadora, sinônimo de posse, antônimo de possuir, fria, reesfriada, tomada pela gula, isenta de sorrisos, decepcionada, ela estava. Ela era. Completamente.
Toda desencontrada, juntando pedacinhos de si pelos azulejos frios e coloridos, sorrindo tão obcenos e vívidos a seus olhos de botões laranjados. Cegando-se àquela pilha de jornais, senhora, embaixo da escada, tornando-se mortes desbotadas e notícias de vidas acinzentadas. Queria jogar-se em olhos baixos cantando baixinho uma melodia suave preenchida de bilhetes colocados em cantos, de tantas cartas cantaroladas agora usadas como marcadores de páginas em seus livros repetitivos, repetidos. Jogava consigo, na frente do espelho, a boca aberta, os olhos fechados, vi'alma cheia de cores e formada por sabores líquidos e transcendentes que tingiam-lhe o céu d'olhar. Quando com a sola arranhada dos pés no solo arranhado qu'o asfalto se era, seus dentes falavam a todos de sua felicidade doce serena e pacata, escondida em potes de biscoitos arredondados com olhar de caramelo a renegar as mentiras que sua boca lhes vendia aos barrancos sem permissão lha dada. Com aquele sorriso pequeno qu'expandia o quarteirão, vivia de canto, jabuticabas entre globos oculares, tão cansada de descaso a apresentar-se que nem fazia caso, por dentro, remoía, mas ao redor todos lha diziam feita de rosas.
Completa, mente.

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