Thursday 2 January 2014

Dizeste
Três vidas atrás
Que meus dedos haveriam de ficar
Calejados e amarelados
De tantos cigarros que acendo
E ofereço ao vento
E magoo a meus pulmões

Dizeste
De olhos fechados
Que meu guarda roupa haveria de me lembrar
O que eu fizera na noite passada
Onde
Com quem
Estivera
Em tua ausência

Dizeste
As mãos quentes repousando
Em minha coxa fria
Que haveria de ter dores de cabeça
E curá-las-ia com mais veneno
em garrafas transparentes de selos a desbotar
a porcentagem de conforto
A 39%

E sentaste ao meu lado
No meio fio descascado d'uma avenida antiga
Sorriste,
triste,
Me emprestaste teu isqueiro
E teus ouvidos

E andaste em direção a porta
Sem contar-me teu nome
Deixando à mim teus dias e
teus cansaços
Teu acaso
Meu casaco
Pendurado
Sozinho na parede
Tem teu cheiro e
me conta estórias
A cada vez que fecho as janelas
E me deixo respirar minha própria fumaça
Afundando meus pulmões
em dias escassos e
Solitários

Mas eu 'inda fumo demais
Seja pra manter as mãos ocupadas
Ou tampar as lágrimas com a fumaça escassa
Que sai dos meus lábios rachados
Cheios de palavras cansadas
E vazios de sentimento
Sentindo
Falta

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