Sunday 20 January 2013

Vista tão turva quant'àquela música que tocava alta, mas soava como cantiga de ninar. As pílulas sorriam, sempre amigáveis, ótimas vizinhas, cumprimentavam ao amanhecer, traziam tortas e ofereciam-se para molhar as plantas qu'eu insistia em querer assassinar. Tomava pílulas nas mãos e as embalava, como bebês, vizinhas, amigas, amantes, beijemo-nos. Vamos casar, ter filhos, viver dentro desses frascos desse marrom clarinho, sempre iluminado qu'entra pela janela trincada. Vem cá, me dá a mão, meus dedos estremecem, minhas mãos estão tão trêmulas, as pontas amareladas amortecidas, mordo a língua, o gosto do sangue descendendo em mim, indo e vindo, não o sinto. Onde estão as garrafas transparentes de líquidos felizes, nossos melhores amigos? Melhores amigos de melhores amigos são sóis privados que anoitecem nuvens. Me deixem, meus dedos corroídos só querem amar drogas que m'amem de volta. Só o que peço. Só o que posso pedir.

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pour your heart out